quinta-feira, 13 de maio de 2010

Contos que ninguem conhece!!!

Hoje eu decidi pesquisar alguns contos que ninguem conhece tipo"A Moura Torta" e "A Polegarzinha"(é uma longa historia,para resumir vou dizer apenas que começou com uma pesquisa da escola sobre contos)
Bem,aí está um dos contos,espero que gostem:


A MOURA TORTA




1ª VERSÃO



Era uma vez um rei que tinha um filho único, e este, chegando a ser rapaz, pediu para correr mundo. Não houve outro remédio senão deixar o príncipe seguir viagem como desejava. Nos primeiros tempos nada aconteceu de novidades. O príncipe andou, andou, dormindo aqui e acolá, passando fome e frio. Numa tarde ia ele chegando a uma cidade quando uma velhinha, muito corcunda, carregando um feixe de gravetos, pediu uma esmola. O príncipe, com pena da velhinha, deu dinheiro bastante e colocou nos ombros o feixe de gravetos, levando a carga até pertinho das ruas. A velha agradeceu muito, abençoou e disse:- Meu netinho, não tenho nada para lhe dar: leve essas frutas para regado mas só abra perto das águas correntes. Tirou da sacola suja três laranja e entregou ao príncipe, que as guardou e continuou sua jornada.Dias depois, na hora do meio-dia, estava morto de sede e lembrou-se das laranjas. Tirou uma, abriu o canivete e cortou. Imediatamente a casca abriu para um lado e outro e pulou de dentro uma moça bonita como os anjos, dizendo:- Quero água! Quero água!Não havia água por ali e a moça desapareceu. O príncipe ficou triste com o caso. Dias passados sucedeu o mesmo.



Estava com sede e cortou a Segunda laranja. Outra moça, ainda mais bonita, apareceu, pedindo água pelo amor de Deus.O príncipe não pôde arranjar nem uma gota. A moça sumiu-se como uma fumaça, deixando-o muito contrariado.

Noutra ocasião o príncipe tornou a Ter muita sede. Estava já voltando para o palácio de seu pai. Lembrou-se do sucedido com as duas moças e andou até um rio corrente. Parou e descascou a última laranja que a velha lhe dera. A terceira moça era bonita de fazer raiva. Muito e muito mais bonita que as duas outras. Foi logo pedindo água e o príncipe mais que depressa lhe deu. A moça bebeu e desencantou, começando a conversar com o rapaz e contando sua história. Ficaram namorados um do outro. A moça estava quase nua e o príncipe viajava a pé, não podendo levar sua noiva naqueles trajes. Mandou subir para uma árvore, na beira do rio, despediu-se dela e correu para casa. Nesse momento chegou uma escrava negra, cega de um olho, a quem chamavam a Moura Torta. A negra baixou-se para encher o pote com água do rio mas avistou o rosto da moça que se retratava nas águas e pensou que fosse o dela. Ficou assombrada de tanta formosura. Meu Deus! Eu tão bonita e carregando água? Não é possível... Atirou o pote nas pedras, quebrando-o e voltou para o palácio, cantando de alegria.



Quando a viram voltar sem água e toda importante, deram muita vaia na Moura Torta, brigaram com ela e mandaram que fosse buscar água, com outro pote. Lá voltou a negra, com o pote na cabeça, sucumbida. Meteu o pote no rio e viu o rosto da moça que estava na árvore, mesmo convencida da própria beleza. Sacudiu o pote bem longe e regressou para o palácio, toda cheia de si. Quase a matam de vaias e de puxões. Deram o terceiro pote e ameaçaram a negra de uma surra de chibata se ela chegasse sem o pote cheio d'água. Lá veio a Moura Torta no destino. Mergulhou o pote no rio e tornou a ver a face da moça. Esta, não podendo conter-se com a vaidade da negra, desatou uma boa gargalhada. A escrava levantou a cabeça e viu a causadora de toda sua complicação.- Ah! É você, minha moça branca? Que está fazendo aí, feito passarinho? Desça para conversar comigo. A moça, de boba, desceu, e a Moura Torta pediu para pentear o cabelo dela, um cabelão louro e muito comprido que era um primor. A moça deixou. A Moura Torta deitou a cabeça no seu colo e começou a catar, dando cafuné e desembaraçando as tranças. Assim que a viu muito entretida, fechando os olhos, tirou um alfinete encantado e fincou-o na cabeça . esta deu um grito e virou-se numa rolinha, saindo a voar.



A negra trepou-se na mesma árvore e ficou esperando o príncipe, como a moça lhe tinha dito, de boba. Finalmente o príncipe chegou, numa carruagem dourada, com os criados e criadas trazendo roupa para vestir a noiva. Encontrou a Moura Torta, feia como a miséria. O príncipe assim que a viu, ficou admirado e perguntou a razão de tanta mudança. A Moura Torta disse:- O sol queimou minha pele e os espinhos furaram meu olho. Vamos esperar que o tempo melhore e eu fique como era antes.O príncipe acreditou e lá se foi a Moura Torta de carruagem dourada, feito gente. O rei e a rainha ficaram de caldo vendo uma nora tão horrenda como a negra. Mas, palavra de rei não volta atrás e o prometido seria cumprido. O príncipe anunciou seu casamento e mandou convite aos amigos A Moura Torta não acreditava nos olhos. Vivia toda coberta de seda e perfumada, dando ordens e ainda mais feia do que carregando o pote d'água. Todos antipatizavam com a futura princesa.Todas as tardes o príncipe vinha descansar no jardim e notava que uma rolinha voava sempre ao redor dele, piando triste e fazer fpena. Aquilo sucedeu tantas vezes que o príncipe acabou ficando impressionado. Mandou um criado armar um laço num galho e a rolinha ficou presa. O criado levou a rolinha ao príncipe e este a segurou com delicadeza, alisando as peninhas. Depois coçou a cabecinha da avezinha e encontrou um caroço duro.

Puxou e saiu um alfinete fino. Imediatamente a moça desencantou-se e apareceu bonita como os amores. O príncipe ficou sabendo da malvadeza da negra escrava. Mandou prender a Moura Torta e contou a todo o mundo a perversidade dela, condenando-a a morrer queimada e as cinzas serem atiradas ao vento. Fizeram uma fogueira bem grande e sacudiram a Moura Torta dentro, até que ficou reduzida a poeira. A moça casou com o príncipe e viveram como Deus com seus anjos, querida por todos. Entrou por uma perna de pinto e saiu por uma de pato, mandou dizer El-Rei Meu Senhor que me contassem quatro...





O ROMANCE DAS TRÊS LARANJAS



2ª VERSÃO



Havia um rei que tinha um filho. Quando este chegou à idade de casar, disse a seus pais:

- Quero me casar com a mulher mais formosa do mundo. Assim, vou percorrer o mundo até encontrá-la. Saiu do palácio e caminhou até chegar a uma fonte, onde parou para tomar água.

Ao inclinar-se para beber, viu refletidas na água, três laranjas. Ergueu os olhos e viu que de uma frondosa laranjeira pendiam três grandes e belas laranjas.

- Que saborosas devem ser, disse o príncipe, e dizendo isso, subiu na árvore e cortou as três preciosas laranjas. Partiu a primeira e, como por encanto, saiu dela uma jovem muito linda que, ao ver o príncipe, lhe disse: - Dá-me pão. - Não posso, disse ele, porque não tenho. - Então volto para minha laranja, disse a jovem. Desaparecendo, deixou a laranja intacta. Partiu o príncipe a segunda laranja e da fruta saiu outra jovem, muito mais bela que a primeira. - Dá-me pão, disse ao príncipe. - Não posso, pois não tenho, ele falou. - Então volto para minha laranja. A laranja se fechou e ficou como antes. O príncipe ficou pensativo e, decidiu conseguir pão, a fim de dar à ultima jovem da laranja. Assim pensava o jovem, quando coincidiu de passar por ali um cigano em seu coche.

- Amigo, gritou o príncipe - te darei uma moeda de ouro por um pedaço de pão. Rapidamente o cigano desceu da carruagem e correu a levar o pão ao príncipe. O príncipe ficou muito contente e satisfeito. Partiu a terceira laranja e, como havia imaginado, do coração da fruta saltou uma jovem muito mais formosa que as anteriores. - Dê-me pão, ela disse. O príncipe alegremente deu o pão à jovem, que em seguida falou: - Agora te pertenço, podes fazer de mim o que quiseres. - Contigo me caso, lhe disse o príncipe. Como a jovem estava nua, o príncipe queria antes vesti-la para levá-la ao palácio. Deu uma olhada na roupa do cigano que ainda permanecia ali, porem notou que estavam muito sujas. O príncipe então disse à jovem: - Espera aqui com este cigano até que eu volte com uma roupa.

O cigano tinha uma filha que viajava com ele no coche, que havia dormido durante todo o tempo em que a história das laranjas ocorria. Ao despertar, no momento em que o príncipe subia no cavalo, caiu de amores por ele. Desceu logo do coche e foi perguntar ao seu pai o que estava acontecendo. Ele lhe contou o ocorrido. A cigana, vendo a jovem, lhe disse: - Deixa-me te pentear para que fiques mais bonita para o regresso do príncipe.

A jovem consentiu, e enquanto a cigana penteava sua formosa cabeleira, sentiu que lhe cravavam um alfinete na cabeça. Imediatamente a dama da laranja se transformou numa pomba.

A cigana então tirou a roupa e se colocou no lugar onde ela estava, aguardando o príncipe. O príncipe voltou e quando viu a cigana, disse: - Senhora! Como escureceste! A cigana respondeu: - É que demoraste e o sol acabou me queimando. O príncipe, acreditando ser a mesma jovem da laranja, levou a cigana ao palácio e se casou com ela. Um dia, chegou uma pombinha ao jardim do rei e disse ao jardineiro:

- Jardineirinho do rei, como está o príncipe com sua mulher? - Umas vezes canta, porém mais vezes chora - disse o jardineiro. Todos os dias chegava a pombinha e fazia a mesma pergunta ao jardineiro, até que este contou a história ao príncipe. O príncipe deu ordem ao jardineiro para que prendesse a pombinha. O jardineiro untou de visgo a árvore onde diariamente pousava a pombinha e, quando esta chegou para sua visita diária, ao querer voar, ficou presa à árvore. O jardineiro apanhou-a e levou-a ao príncipe. O príncipe se enamorou da pombinha. Colheu-a com carinho e ao acariciar-lhe a cabeça, encontrou o alfinete que ali tinha sido cravado. Ao retirá-lo, imediatamente a pombinha se transformou na bela dama da laranja.

A formosa jovem contou sua aventura ao príncipe e, entrando os dois no palácio, comunicaram o ocorrido ao rei. O rei, indignado, deu ordens para que imediatamente matassem a cigana. O príncipe e a dama da laranja se casaram e foram felizes para sempre.

Gostaram???Olha que ainda tem mais!!!

                                                              A Polegarzinha
Era uma vez uma mulher que queria ter um filho muito pequenino, mas n�o sabia como havia de fazer para encontrar um. Ent�o, foi ter com uma velha bruxa e disse-lhe:


— Gostava tanto de ter um filho pequenino! N�o sabes dizer-me onde posso arranjar um?

— Oh, isso n�o � dif�cil — disse a bruxa. — Aqui tens um gr�o de cevada, e olha que n�o � da que cresce nos campos dos lavradores nem daquela que as galinhas comem. Planta este gr�o num vaso e ver�s o que acontece!

— Oh, obrigada! — disse a mulher, dando uma moeda de prata � bruxa.

Depois foi para casa e semeou o gr�o. N�o foi preciso esperar muito tempo para que nascesse uma bela flor; parecia uma t�lipa, mas as p�talas estavam muito fechadas como se fosse ainda um bot�o.

— Que linda flor! — disse a mulher, dando um beijo nas p�talas vermelhas e amarelas.

Nesse preciso momento, a flor abriu-se com um forte estalido. Era realmente uma t�lipa — agora via-se bem —, mas mesmo no centro da flor, no centro verde, estava sentada uma menina min�scula, graciosa e delicada como uma fada. N�o era maior que metade de um polegar, e por isso ficou a chamar-se Polegarzinha.

A cama em que dormia era uma casca de noz muito bem polida; tinha um colch�o de p�talas de violeta azuis-escuras e o seu cobertor era uma p�tala de rosa. Dormia ali � noite, mas durante o dia brincava em cima da mesa, onde a mulher tinha posto um prato de sopa cheio de �gua com um c�rculo de flores � volta, com os caules virados para o meio. Dentro do prato, a flutuar, estava uma grande p�tala de t�lipa em que a Polegarzinha se podia sentar e remar de um lado para o outro usando dois p�los brancos de cavalo como remos. Era lindo de se ver! Ela tamb�m sabia cantar, e tinha a vozinha mais fr�gil e mais doce que jamais se ouviu.



Uma noite, quando estava deitada na sua linda cama, um sapo entrou no quarto atrav�s de um vidro partido da janela. O sapo parecia muito grande e estava molhado quando saltou para cima da mesa onde a Polegarzinha dormia profundamente debaixo da sua p�tala de rosa.

— Ora aqui est� uma bela esposa para o meu filho! — disse o sapo.

E pegou na cama de casca de noz em que a Polegarzinha estava a dormir e saltou com ela atrav�s da janela para o jardim. No fim do jardim corria um largo regato, de margens pantanosas e lamacentas; era a� que o sapo vivia com o seu filho.

Este n�o era nada bonito; na realidade, era igualzinho ao pai.

— Croc! Croc! Brec-rec-rec! — foi tudo quanto disse quando viu a linda menina na casca de noz.

— N�o fales t�o alto, se n�o ela acorda — disse-lhe o pai. — Olha que pode fugir, porque � leve como uma pena de cisne. J� sei, vamos p�-la no meio do rio, em cima de uma daquelas grandes folhas de nen�far! Assim, ela vai pensar que est� numa ilha, porque � uma criaturinha min�scula. Entretanto, n�s podemos come�ar a preparar o melhor quarto debaixo da lama, para voc�s os dois l� viverem.

No regato, havia muitos nen�fares com grandes folhas verdes que pareciam flutuar soltas na �gua. A folha que estava mais longe era tamb�m a maior de todas, e foi nela que o velho sapo poisou a casca de noz com a Polegarzinha. A pobre menina acordou muito cedo e, quando viu onde estava, come�ou a chorar amargamente, porque havia �gua a toda a volta da grande folha e era imposs�vel voltar para terra.

Entretanto, o velho sapo andava metido na lama, decorando atarefadamente o quarto com juncos e flores aqu�ticas amarelas, para ficar bonito e alegre para a sua futura nora. Depois, acompanhado pelo filho, nadou at� � folha onde estava a Polegarzinha. Iam buscar a linda cama de casca de noz para a colocarem no quarto antes de a noivazinha ir para l�. O velho sapo, ainda dentro de �gua, fez uma profunda v�nia e disse � Polegarzinha:

— Este � o meu filho. Vai ser o teu marido, e voc�s os dois v�o viver muito felizes numa bela casa debaixo da lama.

— Croc! Croc! Brec-rec-rec! — foi tudo o que o filho disse.

Ent�o, pegaram na bonita caminha e l� foram a nadar com ela, enquanto a Polegarzinha ficava sozinha na folha verde, a chorar, porque n�o lhe apetecia nada viver com o velho sapo nem casar com o filho dele. Ora os peixinhos que nadavam ali por baixo tinham visto o sapo e ouvido o que ele dissera, de maneira que deitaram as cabe�as de fora para verem a menina. Mas, assim que o fizeram, viram como era bonita e ficaram cheios de pena por ela ter de ir viver na lama com o sapo. N�o, isso n�o podia acontecer! Juntaram-se em redor do p� verde da folha em que ela estava e puseram-se a ro�-lo sem parar.





Recorte em papel feito por

Hans Christian Andersen

Fonte:

Museus da Cidade de Odense

L� foi a folha, flutuando pelo regato, levando a Polegarzinha para longe, cada vez para mais longe, para onde o sapo n�o podia ir.

Quando ela passava, os passarinhos nas �rvores cantavam "Que linda criaturinha!" assim que a viam. E a folha l� ia a deslizar, cada vez para mais longe - e foi assim que a Polegarzinha chegou a outro pa�s.

Uma linda borboleta branca esvoa�ava por cima dela e acabou por poisar na folha, porque tinha come�ado a gostar da menina. Como ela estava feliz agora! O sapo j� n�o podia apanh�-la e era tudo maravilhoso � sua volta, para onde quer que olhasse. A �gua, onde o sol brilhava, parecia ouro a cintilar. A Polegarzinha tirou o seu cinto e deu uma ponta � borboleta amiga e atou a outra � folha. Agora � que ia mesmo depressa!

Nesse momento, um grande escaravelho apareceu a voar por cima dela. Assim que viu a menininha, agarrou-a num �pice pela cintura e voou com ela para o cimo de uma �rvore. A folha verde continuou a flutuar rio abaixo com a borboleta.

Meu Deus!, como a Polegarzinha ficou assustada quando o escaravelho a levou para cima da �rvore! E como teve pena da sua amiga, a borboleta branca! Mas o escaravelho n�o queria saber disso. Poisou na maior folha verde da �rvore e largou-a a�. Deu-lhe p�len para comer e disse-lhe que ela era muito bonita, embora n�o tanto como um escaravelho.

Em breve, todos os outros escaravelhos que viviam na �rvore foram visit�-la. Olhavam para ela, e as jovens escaravelhas encolhiam as antenas, dizendo: "Mas s� tem duas pernas, este insecto miser�vel! N�o tem antenas! Tem uma cintura t�o fina! Parece mesmo humana! Que feia que �!", e por a� fora, apesar de a Polegarzinha ser realmente uma criatura linda.

O escaravelho que a tinha levado tamb�m era desta opini�o, mas quando todas as escaravelhas disseram que ela era horr�vel, ele come�ou a pensar o mesmo e acabou por n�o querer saber dela; podia ir para onde quisesse. V�rias escaravelhas pegaram nela e voaram at� ao solo, deixando-a em cima de uma margarida. L� ficou ela a chorar, por ser t�o feia que os escaravelhos n�o a queriam — e, no entanto, era a criaturinha mais bonita que se podia imaginar, mais bela que a mais perfeita p�tala de rosa.

Durante todo o Ver�o, a pobre Polegarzinha viveu completamente sozinha na grande floresta. Teceu uma cama com ervas e pendurou-a como se fosse uma rede por baixo de uma grande folha de azeda, para ficar abrigada da chuva. Para comer apanhava mel e p�len das flores e bebia as gotas de orvalho que encontrava todas as manh�s nas folhas. E assim passou o Ver�o e o Outono, mas depois chegou o Inverno, o longo e frio Inverno. Os passarinhos, que t�o docemente tinham cantado, voavam agora para longe, as �rvores perdiam as folhas, as flores murchavam. Depois, a grande folha de azeda que lhe fazia de telhado come�ou a enrolar-se e murchou, at� que ficou apenas uma haste seca e amarela. A Polegarzinha tinha imenso frio, porque o seu vestido estava todo roto e ela era muito fr�gil e pequenina. Em breve morreria de frio. A neve come�ou a cair, e cada floco que ca�a sobre ela era t�o pesado como uma pazada atirada a um de n�s. Afinal, ela s� tinha dois cent�metros e meio de altura. Embrulhou-se numa folha murcha, mas n�o conseguiu aquecer-se, e tremia cada vez mais.



Por essa altura, j� tinha alcan�ado a orla da floresta. Mesmo ao lado havia um grande campo de trigo, mas este tinha sido ceifado h� muito tempo e s� se via o restolho seco na terra gelada. Para ela, aquilo era o mesmo que uma floresta para atravessar e oh!, como ela tremia de frio! Finalmente, chegou � porta de um rato do campo, que vivia numa casinha por baixo do restolho. Era aconchegada e confort�vel, com um armaz�m cheio de trigo, uma cozinha quente e uma sala de jantar. A pobre Polegarzinha parou � porta da casa do rato como se fosse uma mendiga e pediu se ele lhe dava um bocadinho de um gr�o, porque j� h� dois dias que n�o comia nada.

— Pobrezinha! — disse o rato do campo, que tinha muito bom cora��o. — Vem para a cozinha, que est� quente, e comes comigo.

Gostou tanto da companhia da Polegarzinha que acabou por lhe dizer:

— Podes ficar comigo durante o Inverno, mas tens de limpar e arrumar a casa e contar-me hist�rias. Gosto muito de hist�rias.

A Polegarzinha fez o que o velho rato do campo lhe disse; e o tempo foi passando agradavelmente.

— Em breve teremos uma visita — disse o rato do campo. — O meu vizinho vem visitar-me todas as semanas. A casa dele ainda � melhor do que a minha, com grandes e belos quartos, e ele usa um lindo casaco de veludo preto! Se conseguisses que ele casasse contigo, nunca mais te faltaria nada. Mas ele � quase cego, de maneira que tens de te preparar para lhe contar as melhores hist�rias que souberes.

A Polegarzinha n�o gostou muito da ideia. N�o lhe apetecia nada casar com o vizinho rico; era um toupeiro, e veio fazer a sua visita com o casaco de veludo preto. O rato do campo lembrou � Polegarzinha como ele era rico e culto; disse-lhe que a casa dele era vinte vezes maior do que a sua.

Que ele sabia muitas, muitas coisas, embora n�o gostasse do sol e das lindas flores, porque nunca os tinha visto. A Polegarzinha teve de cantar para ele, e cantou Tive uma nogueirazinha e Joaninha voa, voa. O toupeiro apaixonou-se pela sua linda voz, mas n�o disse nada, porque era muito cauteloso.

Ele tinha escavado recentemente uma passagem muito longa, que ia da sua casa � do vizinho, e disse ao rato do campo e � Polegarzinha que podiam ir visit�-lo quando quisessem. Mas pediu-lhes que n�o tivessem medo da ave morta que estava na passagem. Contou-lhes que a ave n�o tinha qualquer marca nem ferida, n�o lhe faltavam penas, e o bico estava intacto; devia ter morrido h� muito pouco tempo, com a chegada do Inverno, e, de alguma maneira, tinha ca�do na sua passagem subterr�nea.

Ent�o, o toupeiro agarrou num peda�o de madeira podre com a boca (porque a madeira podre brilha como fogo no escuro) e foi � frente para iluminar a longa passagem para os seus convidados. Depressa chegaram ao s�tio onde estava a ave, e o toupeiro empurrou o tecto com o focinho largo, levantando a terra para fazer um buraco que deixou entrar a luz do dia. E l� estava uma andorinha, com as lindas asas encostadas ao corpo, as pernitas e a cabe�a escondidas nas penas; a pobre ave de certeza que tinha morrido de frio. A Polegarzinha teve muita pena dela, porque amava todas as avezinhas, que tinham cantado e chilreado para ela de uma maneira t�o encantadora durante todo o Ver�o. Mas o toupeiro empurrou a andorinha para o lado com as suas pernitas curtas e disse:

— Esta j� n�o assobia mais! Que pouca sorte nascer ave! Felizmente que nenhum dos meus filhos ser� como elas. Uma ave n�o sabe fazer nada a n�o ser dizer tuit-tuit e depois morrer de fome no Inverno!

— Sim, l� nisso tens raz�o — disse o rato do campo. — Com todo o seu tuit-tuit, que � que elas fazem quando chega o Inverno? Morrem de fome e de frio. E, no entanto, toda a gente as acha muito importantes.

A Polegarzinha n�o disse uma palavra, mas, quando os outros recome�aram a andar, baixou-se, afastou meigamente as penas da cabe�a da andorinha e beijou-lhe os olhos fechados.

— Talvez esta seja a que cantou t�o suavemente para mim durante o Ver�o — pensou. — Que felicidade me deu esta pobre avezinha da floresta!

Ent�o, o toupeiro tapou o buraco que tinha feito para deixar entrar a luz do dia e acompanhou as visitas a casa. Mas nessa noite a Polegarzinha n�o conseguia dormir, de maneira que levantou-se e teceu uma cobertazinha de feno. Quando acabou, foi p�-la em cima da ave. Ao lado, deixou um pouco de lanugem de cardo que tinha encontrado na sala de estar do rato do campo, para que a ave pudesse repousar quentinha sobre a terra fria.

— Adeus, linda andorinha! — disse ela. — Adeus e obrigada pelas tuas belas can��es no Ver�o, quando as �rvores estavam verdes e o Sol brilhava t�o alegremente sobre n�s todos!

Depois encostou a cabe�a ao cora��o da andorinha — mas ficou logo muito espantada, porque parecia que alguma coisa batia l� dentro. Era o cora��o da andorinha a bater. N�o estava morta, apenas entorpecida pelo frio, e, como tinha sido aquecida, come�ava a voltar a si.

No Outono, as andorinhas voam todas para terras mais quentes, mas, se uma delas se atrasa, o frio pode faz�-la gelar; ent�o cai no ch�o e depressa fica coberta de neve.

A Polegarzinha tremia, assustada; a ave era muito maior do que ela, que s� tinha dois cent�metros e meio de altura. Mas encheu-se de coragem e aconchegou a lanugem de cardo ao corpo da pobre andorinha. Depois, foi a correr buscar a sua coberta, uma folha de hortel�, para lhe tapar a cabe�a.

Na noite seguinte, esgueirou-se outra vez para visitar a andorinha — ela estava realmente viva, mas t�o fraca que mal p�de abrir os olhos para olhar para a Polegarzinha. Ali estava ela, com um pedacinho de madeira podre na m�o, porque n�o tinha outra lanterna.

— Obrigada, obrigada, linda menina — disse a andorinha doente. — Aqueceste-me t�o bem que depressa estarei suficientemente forte para voar ao sol brilhante.

— Oh! — exclamou a Polegarzinha —, ainda est� muito frio l� fora! H� neve e gelo por todo o lado. Fica a� na tua caminha quente que eu trato de ti.

Depois levou-lhe �gua numa folha, e a andorinha bebeu e contou-lhe como tinha magoado uma asa numas silvas e, por isso, n�o tinha conseguido voar t�o depressa como as outras andorinhas quando partiram para terras mais quentes. Por fim, acabara por cair, e n�o se lembrava de mais nada. N�o fazia a menor ideia de como tinha ido parar ali.

Durante todo o Inverno, a andorinha ficou na passagem subterr�nea. A Polegarzinha tratou dela e tornou-se muito sua amiga. Mas n�o disse nada ao toupeiro nem ao rato do campo, porque eles n�o gostavam de avezinhas. Por fim, chegou a Primavera e os raios de Sol come�aram a atravessar a terra. A andorinha disse adeus � Polegarzinha e reabriu o buraco que o toupeiro tinha feito no tecto da passagem. A luz do Sol encheu ambas de alegria, e a andorinha pediu � Polegarzinha que fosse com ela; podia subir para as suas costas e voariam para a floresta cheia de verdura. Mas a Polegarzinha sabia que o velho rato do campo ficaria triste se ela se fosse embora assim sem mais nem menos.

— N�o, n�o posso ir — disse ela.

— Ent�o adeus, adeus, linda menina bondosa! — respondeu a andorinha, voando em direc��o ao Sol.

A Polegarzinha viu-a subir no c�u, e os seus olhos encheram-se de l�grimas, porque se tinha tornado muito amiga da pobre andorinha.

— Tuit, tuit! — cantou a avezinha, voando em direc��o � floresta verde.



A Polegarzinha estava agora muito triste. N�o a deixavam sair para a claridade do Sol, e, nos campos onde vivia, o trigo era t�o alto que, para ela, era como uma floresta que se erguia muito acima da sua cabe�a.

— Tens de ter o teu enxoval pronto este Ver�o — disse o rato do campo, porque, entretanto, o vizinho toupeiro do casaco de veludo tinha proposto casamento � Polegarzinha. — Precisas de roupas de linho e l� e de muitos cobertores e len��is quando fores casada com o toupeiro.

A Polegarzinha teve de trabalhar arduamente com a roca, e o toupeiro contratou quatro aranhas para tecerem para ela de dia e de noite. Todas as tardes lhe fazia uma vista e dizia sempre que, quando o Ver�o acabasse e o Sol n�o estivesse t�o terrivelmente quente e deixasse de queimar a terra at� a deixar dura com uma pedra, ent�o casariam. Mas a Polegarzinha n�o estava nada satisfeita, porque n�o gostava daquele velho toupeiro t�o pomposo. Todas as manh�s, quando o Sol se erguia, e todas as noites, quando se punha, ela esgueirava-se l� para fora; quando o vento fazia ondular as espigas de trigo, conseguia ver o c�u azul e pensava sempre como era bom e belo viver ao ar livre. Desejava imenso ver de novo a sua amiga andorinha, mas ela n�o voltou a aparecer; tinha voado para o bosque verde coberto de folhas.

Quando o Outono chegou, o enxoval da Polegarzinha estava pronto.

— Casas daqui a quatro semanas — disse o rato do campo.

Mas a Polegarzinha come�ou a chorar e disse que n�o queria casar com o toupeiro.

— Que disparate! — respondeu o rato do campo. — N�o te ponhas com problemas. Arranjaste um marido espl�ndido, pois nem a rainha tem um casaco de veludo preto t�o bom como o dele! E pensa naquela cozinha e cave t�o bem fornecidas! Deves agradecer a tua boa sorte.



E, assim, chegou o dia do casamento. O toupeiro j� tinha ido buscar a Polegarzinha, pois ela ia viver com ele bem debaixo do solo; nunca mais poderia apanhar a luz radiante do Sol, porque o toupeiro n�o a suportava. Cheia de tristeza, foi dizer o �ltimo adeus ao Sol brilhante; enquanto vivera com o rato do campo, sempre a tinham deixado ir pelo menos at� � porta.

— Adeus, Sol brilhante! — disse ela, erguendo os bra�os em direc��o a ele e dando alguns passos no campo imenso, pois o trigo tinha sido ceifado e s� ficara o restolho. — Adeus, adeus — disse ela outra vez, abra�ando uma florzinha vermelha que crescia por entre os caules. — Se alguma vez tornares a ver a andorinha, diz-lhe que lhe mando saudades!

Nesse preciso momento ouviu um som — tuit, tuit — mesmo por cima de si. Era a andorinha.

Como estava, contente por ver a sua amiga Polegarzinha! Ent�o esta contou-lhe que tinha de casar nesse mesmo dia com o toupeiro e ir viver com ele debaixo da terra, onde o Sol nunca brilhava. E as l�grimas saltaram-lhe dos olhos s� de pensar nisso.

— Vem a� o frio Inverno — disse a andorinha. — Vou voar para longe, para os pa�ses quentes. Por que n�o vens comigo? Podes subir para as minhas costas e atares-te a mim com o teu cinto. Deixamos o toupeiro e a sua casa escura e voamos para muito, muito longe, por cima das montanhas, para um pa�s onde o Sol brilha ainda mais do que aqui, onde � sempre Ver�o e onde as matas e as florestas est�o cobertas das mais belas flores. Ah, vem comigo, querida Polegarzinha, tu que me salvaste a vida quando eu estava gelada na escura passagem debaixo da terra!

— Sim, vou contigo — acabou por dizer a Polegarzinha.

Sentou-se nas costas da ave e atou o cinto a uma das suas penas mais fortes. Ent�o, a andorinha ergueu-se muito alto no c�u e voou por cima de florestas, lagos e montanhas onde h� sempre neve. O ar gelado fazia a Polegarzinha tremer, mas ela enfiava-se debaixo das penas quentes da ave e s� espreitava para olhar, assombrada, para as belas coisas l� em baixo.



Por fim, chegaram aos pa�ses quentes. A�, o Sol brilhava com muito mais intensidade do que a Polegarzinha supunha ser poss�vel; o c�u parecia duas vezes mais alto. Ao longo das estradas, havia deliciosas uvas brancas e roxas; lim�es e laranjas pendiam das �rvores; o ar estava perfumado de mirto e de muitas outras plantas arom�ticas; e, pelos caminhos, corriam muitas crian�as lindas, a brincar por entre coloridas borboletas. Mas a andorinha voou ainda para mais longe, para onde a paisagem era tamb�m ainda mais bonita. E ent�o, � sombra de enormes �rvores verdes, na margem de um lago azul-safira, viram um pal�cio muito antigo constru�do em m�rmore branco, com videiras enroladas nas suas altas colunas. Mesmo no cimo das colunas havia muitos ninhos de andorinhas, e num deles vivia a amiga da Polegarzinha.

— A minha casa � esta — disse ela. — Mas, se quiseres escolher uma daquelas lindas flores ali em baixo, eu ponho-te l�, e podes viver feliz � tua vontade.

— Ah, como vou gostar! — gritou a Polegarzinha, batendo as m�ozinhas.

Uma grande coluna branca estava ca�da por terra, partida em tr�s bocados, e entre eles cresciam altas e belas flores brancas. A andorinha voou at� l� abaixo com a Polegarzinha e poisou-a numa p�tala. Ent�o, a Polegarzinha teve uma grande surpresa. Ali, no centro da flor, estava um principezinho, t�o belo e delicado que parecia feito de vidro. Tinha na cabe�a a coroa de ouro mais bonita que pode imaginar-se e nos ombros um par de asas coloridas e brilhantes, e n�o era maior do que a pr�pria Polegarzinha. Era o esp�rito que guardava a flor. Em cada flor havia uma criaturinha igual, mas ele era o rei de todas.

— Que bonito que ele �! — sussurrou a Polegarzinha � andorinha.

O principezinho ao princ�pio ficou muito assustado com a ave, que lhe parecia gigantesca, mas quando viu a Polegarzinha ficou cheio de alegria. Achou que ela era a mais bela de todas as criaturas que jamais tinha visto, mesmo entre as fadas das flores. Tirou a coroa de ouro da sua cabe�a e colocou-a na dela e perguntou-lhe como se chamava e se queria ser sua mulher e rainha de todas as flores.

Bem, este marido podia ela amar de verdade — era muito diferente do filho do sapo ou do velho toupeiro com o seu casaco de veludo. E por isso disse que sim ao belo pr�ncipe. Ent�o, ergueu-se de cada flor uma criaturinha, rapaz ou rapariga, homem ou mulher, t�o pequeninas e t�o bonitas que era emocionante v�-las. Todas deram uma prenda � Polegarzinha, mas a melhor de todas foi um lindo par de asas. Prenderam-nas aos ombros da Polegarzinha, e agora tamb�m ela podia voar de flor em flor. Toda a gente estava cheia de alegria: era como uma maravilhosa festa de Ver�o. A andorinha, l� em cima no seu ninho, cantou-lhes a can��o mais bonita que sabia, mas no fundo estava triste, porque gostava tanto da Polegarzinha que n�o queria separar-se dela.

— Nunca mais te chamar�s Polegarzinha — declarou o pr�ncipe das flores. — N�o � um nome suficientemente bonito para uma criatura t�o bela como tu. A partir de agora, vamos chamar-te Maia!

— Adeus, adeus — disse a andorinha, quando chegou a altura de voar de novo dos pa�ses quentes para a Dinamarca.

A�, ela tinha um pequeno ninho ao lado da janela do homem que escreve contos de fadas.

— Ouve, ouve — trinou a andorinha para o escritor de contos de fadas...

E foi assim que soubemos esta hist�ria.

Demais,né???Sempre foi meu conto favorito(escrito na Dinamarca)

OBS:A  historia da Moura Torta foi escrita na Espanha,e a da polegarzinha na Greolândia(Dinamarca,é tão longe que quase ninguem conhece)Os dinamarqueses são otimos escritores!!!!Historias como o patinho feio,o soldadinho de chumbo e a pequena sereia foram escrtos por lá
Bom,amnhã publico mais contos!!!Tchau!!!

Um comentário:

  1. Gostei do da Polegarzinha!!! E sim. A Rose foi pra FB e eu estudo na Fundação Bradesco!!

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